quinta-feira, 6 de maio de 2021

2º Educação: FORMAÇÃO CONTINUADA REME (17/04/2021) - EDUCAÇÃO INFANTIL - Itaporã/MS

 



Com a Pandemia do Covid-19, as Escolas foram severamente impactadas e tivemos que de imediato mudar nossa rotina.

O grande desafio tem sido trabalhar à distância com as turmas escolares. Nesse contexto encontramos desafios diários:  Estamos trabalhando uma educação à distância ou a escola está ficando distante das crianças e das famílias? O que têm acontecido? Será que no meio da busca insana por atividades e recursos digitais, estamos parando para avaliar cada proposta e o processo como um todo? 

Percebemos que um poderoso instrumento de avaliação e devolutiva está sendo deixado de lado: a documentação pedagógica. Como está a reflexão e a avaliação? Como está acontecendo a devolutiva com olhar pedagógico para as crianças e os pais?

Vamos pensar a seguinte situação situação:

Eu, mãe/pai, recebo uma proposta de atividade. A professora conversa com a família por meio de um vídeo gravado ou online. Explica tudo direitinho e convida as crianças para experimentarem o proposto. Eu, mãe/pai, me organizo, separo materiais, preparo um ambiente, brinco com meus filhos, sendo o mais novo no maternal e o mais velho no 3º ano.  Faço um registro para enviar para a escola infantil, e com meu filho maior, ajudo e explico a realização da atividade.

Aí, a professora acompanha os registros e dá alguns retornos do tipo “que lindo”, “parabéns”, “que legal”. E só!!!

Eu, mãe/pai penso:

bom, cumpri o solicitado… mas o que aconteceu de fato? Foi só “uma brincadeira”/”mais um desenho”/”uma pintura”/ como a professora avaliou a devolutiva das fotos da atividade resolvida?

O que se perde nesse processo? O que está faltando?

Hoje, já olhamos com críticas para as práticas pedagógicas espontaneístas, que “tiram coelhos da cartola” todos os dias, inventando atividades desconexas, sem reflexão e avaliação sobre aprendizagens, interesses e necessidades. Ocorre que não percebemos que podemos estar desenvolvendo justamente esta dinâmica com as famílias! Falta o OLHAR PEDAGÓGICO sobre os acontecimentos. Falta, como diz Madalena Freire, sistematizar os registros, refletir e dar uma DEVOLUTIVA. Sem este elo da prática pedagógica, não fechamos o ciclo de ensino-aprendizagem das crianças, das famílias e o nosso em relação aos encaminhamentos e aprofundamentos. 

É notório dialogarmos e pensarmos sobre documentação pedagógica para a educação à distância. Para que a escola NÃO FIQUE DISTANTE da aprendizagem.

Retomando uma concepção de documentação pedagógica…

Fazer a documentação pedagógica é contar uma “história pedagógica” utilizando recursos que sejam compreendidos pelo público ao qual se destina: crianças, famílias ou colegas de equipe.

É bom lembrar que OS REGISTROS SÃO AS COLHEITAS DOS FRUTOS PEDAGÓGICOS. MAS NÃO BASTA SÓ COLHER!

A narrativa da “história” deve deixar evidente a voz e o protagonismo da criança, a interação com as famílias e também as reflexões do professor.

Para compor a narrativa é importante esquecer o que é genérico* e ressaltar os acontecimentos e pensamentos sobre o contexto. É falar sobre situações únicas, que só poderiam acontecer com aquelas crianças, aquelas famílias e o pensamento e a ação pedagógica característica daquele professor. Uma boa documentação pedagógica revela as particularidades das pessoas envolvidas no processo e, por isso, é um retrato do conjunto singular composto pelo professor + crianças + famílias.

Assim, para compor a documentação pedagógica é saber o que se quer comunicarpara quem comunicar e como comunicar (o formato da documentação).

Em tempos de escola via internet, estudamos a Pedagogia do Bom Senso do educador francês Freinet (1896 – 1966). Ao criar a Escola do Povo e difundir novas concepções para a educação de crianças pequenas, Freinet propôs alguns recursos para sistematizar e compartilhar as aprendizagens vivenciadas pelas crianças, entre eles, o Jornal Mural e o Livro da Vida.

Freinet e a documentação pedagógica…
Quem foi Celestine Freinet?

Freinet nasceu na França em 1896. Foi professor quando jovem, mas por causa da primeira guerra mundial não conseguiu terminar o curso Normal. Com o passar do tempo, recomeçou a estudar sozinho, anotando diariamente o que observava de suas crianças e seus próprios sucessos e fracassos. Aos poucos foi descobrindo os interesses, os problemas e as necessidades de cada criança.

Participou de encontros com outros educadores e percebeu que sua realidade mais humilde demandava encontrar técnicas e recursos que pudessem ser utilizados por todos.

Para Freinet, a natureza e a comunidade do entorno da escola eram tão importantes quanto a sala de aula. As descobertas realizadas nos passeios e no trabalho realizado a partir destas explorações precisavam ser registradas e sistematizadas para que se transformassem em conhecimentos.

Com isso, Freinet propôs alguns recursos que despertavam o interesse e o engajamento das crianças e que favoreciam a construção dos percursos de aprendizagem:

1- O Jornal escolar Jornal Mural– relatos sobre os acontecimentos organizados de modo que todos pudessem ler e reviver o que havia sido registrado.

2 – O Livro da vida – um grande caderno coletivo com o registro dos acontecimentos do dia a dia: um documento vivo que podia ser lido e construído por todos – professores, crianças, famílias e comunidade.

3- Correspondência interescolar – um modo de ampliar ainda mais o compartilhamento dos acontecimentos com outras comunidades escolares.

4- Fichário escolar – no lugar de livros e manuais escolares, a ideia era construir um fichário com recortes de imagens e textos que interessavam os grupos.

Outro aspecto importante da pedagogia de Freinet foi a valorização do desenho como expressão da criança, ilustração da documentação, representação simbólica e precursor da escrita.

Até o fim de sua vida, Freinet lutou pela “Escola do Povo”, criando movimentos políticos para defender uma pedagogia que pudesse envolver todas as crianças no processo de aprendizagem, independentemente de características pessoais, inteligência e meio social.



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